“Então, Judas, o que o traiu, vendo que Jesus fora condenado, tocado de remorso… Retirou-se e foi enforcar-se.” Mateus 27: 3 a 10
Quantos suicídios estão acontecendo ao longo da história cristã!
Quando lemos a passagem da Bíblia, que relata a tomada de decisão de Judas de suicidar após haver sentido remorso por ter traído, vendido Jesus, por trinta moedas de prata, é normal pensarmos: Mas por que ele não fez como Pedro? Chorou amargamente por ter negado o Mestre, e nem por isso se suicidou, muito pelo contrário, deu oportunidade ao Espírito Santo de usá-lo enormemente, de maneira tal, que todas as gerações após ele têm sido ministradas por Deus, através de suas cartas.
Talvez não conseguimos entender o porquê da atitude de Judas, por não compreender claramente a distinção entre remorso e arrependimento à luz da Palavra de Deus.
Pedro se arrependeu da traição. Ele demonstrou isso da seguinte maneira: Se entristeceu, chorou amargamente consumido por causa do seu ato, mas após este sentimento e quebrantamento, se levantou e mudou de atitude. Primeiro ele enfrentou Jesus cara a cara, não fugiu do confronto, embora o seu desejo fosse esse porque se encontrava envergonhado, pois quando Jesus apareceu na praia, ele ficou todo confuso e se jogou ao mar… Enfim! Mesmo com todo o embaraço, foi ter com Jesus e ouvir aquelas palavras duras, que o levavaria a questionar todo o seu procedimento: Pedro tu me amas? E o Senhor perguntou isso por três vezes, para deixar bem claro que Pedro o havia negado por esse número de vezes. Foi duro? Foi. Mas Jesus o incitou à responsabilidade, de não somente falar, mas agir em nome desse amor. Pois falou: “Me amas? Vai e apascenta os meus cordeiros”.
Judas sentiu remorso. Remorso fala de entristecer-se pelo pecado cometido, por aquilo que se fez de errado, mas não passa disso, fica só na tristeza mesmo e continua a repetir o erro.
Desta forma, vemos claramente que o remorso não leva a pessoa a uma mudança de vida, muito pelo contrário, faz com que ele se afunde cada vez mais numa vida de fracasso. Isso fica explícito simbolicamente, através da atitude de Judas, pois a pessoa fica a remoer o seu erro, se aniquila interiormente, se desvaloriza perante si mesmo, deixa de cumprir um dos três principais mandamentos de Jesus que é amar a si mesmo e, assim, se suicida espiritualmente. Pois sempre está com aquele peso de autocondenação, sua consciência não o deixa livre, passa a viver como um presidiário de si mesmo, acabando por viver uma vida de farsa, como um ator representando uma peça, uma vez que tudo o que faz lhe parece uma representação, porque não procede de um coração reto e puro, antes de um coração contaminado pelo acusador, que está constantemente o atormentando pelo seu erro.
O arrependimento se pauta no amor e fidelidade de Deus que diz: “Se pecares, tendes um advogado junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo, e Ele é fiel e justo para vos perdoar”. Portanto, o arrependido não se fia no seu valor próprio, muito pelo contrário, reconhece a sua fragilidade e acredita que Deus cumpre o que promete, uma vez que Ele mesmo afirma: “A causa de não sermos consumidos são as misericórdias do Senhor que se renova sobre nós a cada manhã”. E ainda: “Aquele que confessa e deixa o pecado recebe misericórdia”.
Portanto, arrependimento principia com o remorso. Primeiro você reconhece seu erro, depois se entristece por havê-lo cometido, mas não fica nisso só, somente no remorso, não! Vai além… Ao arrependimento.
Confessar o pecado, pedir perdão e mudar de atitude. Tanto é assim, que Pedro demonstrou isso, notoriamente, no seu primeiro sermão; quando diante de uma multidão não negou Jesus, mas a toda voz proclamou: “Este Jesus a quem vós matastes…” Não teve medo de assumir sua fé publicamente, mesmo em face de ter que pagar o preço por isso, não teve covardia, demonstrando assim sua completa mudança de direção.
Concluo dizendo que devemos como bons seguidores de Cristo, constantemente sondar o nosso coração e nossas atitudes, para descobrir se porventura não estamos caminhando para o suicídio espiritual, vivendo uma vida de remorso. Tomemos a decisão de assumirmos nossas falhas e firmemente abandoná-las, através da atitude correta de arrependimento.
“Há um coração quebrantado e contrito Deus não resiste”. Salmos 51:17
Com o coração quebrantado,
Prostrada aos pés do Senhor,
Leiner Mara.
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